terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dos choques culturais

Que eu sentiria uma diferença gritante entre o modo de vida em Manaus e São Paulo é algo óbvio. Eu morava numa cidade grande, com aspectos de micro (transporte, educação, moradia etc etc), com a minha mãe linda que não me deixava faltar nada e agora moro no coração da cidade mais movimentada da América Latina, só eu e meu namorado.

O que eu não sabia é coisas tão "pequenas" seriam tão diferentes. Vejamos algumas:

1. O metrô
Durante viagens-passeio a SP, RJ, enfim, usava normalmente o "metrô" e achava isso incrível. Quando voltava pra Manaus falava sempre: "ah, o metrô é muito legal e lalala". Foi aí que cheguei em SP e descobri que o Metrô não é o Metrô.

AAAAAAAAAAAAAAHN??????????

Metrô, pelo que o seu Ari me explicou (seu Ari, o porteiro que já contei aqui antes, mas que agora somos melhores amigos de infância), é apenas o nome de uma das empresas do "transporte coletivo de SP" então eu "estou errada" em dizer: "vou pegar o metrô e ir pra casa-do-escambal" porque lá na casa desse senhor não passa metrô e sim outra companhia de TREM.


(- Mariana você não pode dizer 'metrô' tem que dizer 'trem', diz seu Ari ao me apontar a diferença entre a companhia "metrô" (veja foto) e as demais) 


1.a) a Passagem

Acostumada a pagar os 2.75 do 215 (linha de ônibus de Manaus), agora eu tive que aprender a falar BILHETE. Já cansei de chegar e falar na bilheteria do metrô: moça, como faço pra comprar a passagem? E ela me olhar com cara de: Tá me achando com cara de rodoviária filha?

Então, agora eu chego lá, respiro fundo e digo: ME DE UM BILHETE.


2. A manicure

Não sei porque diabos, mas as manicures de SP são muito seletivas. Você pode tá com o dedo caindo e a unha doendo (ou ao contrário) e elas só vão te atender com hora marcada.
Eu não estou falando aqui de salões chiques e famosos, até porque né? Oi? Quem tem dinheiro pra isso? To falando de salaozinho de bairro mesmo.

Certa vez fui catar um salão aqui pelas minhas bandas e as atendentes me olharam como se eu fosse um ET quando perguntava se tinha alguém com hora livre pra fazer a unha....

Falando em hora, há um certo diferencial nas manicures daqui. Em Manaus, 1h = pé e mão. Em  SP, 1h =  pé OU mão. Elas marcam a mão pras 11h e o pé pras 18h. DIGUE LÁ SE NÃO É ESTRANHO?

E pintar os dois tem preços diferente. Em Manaus, o preço médio até quarta-feira é R$ 25... R$30 (até menos), em SP você paga R$ 20 PELA MÃO e R$ 30 PELO PÉ.


Se nada der certo vou abrir um salão tipo o da Rochelle (mãe do Chris).


3. O tratamento

As pessoas do meu prédio são bem gentis. Um vovô, certa vez, me encontrou no elevador toda encapotada pra enfrentar os 10º graus lá fora, contou uma história de quando ele chegou em SP também achou estranho e que eu me acostumaria logo e que ele poderia me dar umas dicas de adaptação se eu quisesse (e foi assim que ele entrou na lista dos que vão ganhar biscoitos de natal). Massssssss com os porteiros é diferente.

Lembra quando eu falei do seu Ari né? O porteiro. Pois bem, eu e o seu Ari agora somos irmãos-mano-louco-das-quebrada-da-vida. Isso tudo porque um dia eu cheguei e falei pra mim mesma: VOU SER AMIGA DESSE CARA. E cheguei e passei dois minutos conversando com ele, que depois se transformou em 10, em 20 minutos e depois o seu Ari já tava me fazendo sair de casa pra comprar crédito pro celular dele (com o dinheiro dele tá gente) na banca de jornal perto do prédio; E deixando eu abrir o portão pros vizinhos (ninguém tem a chave do portão da frente porque ELE É DE IMÃ!!!!!!!!).

Pois bem, certo dia desses fomos lanchar fora na Bella Paulista (padaria que funciona 24h e fica há duas ruas daqui) e eu trouxe um sanduíche pro porteiro da noite que eu (ainda) não sei o nome.

(Essa é a Bella Paulista, a melhor padaria do mundo)

Chegamos. E o Caio ofereceu:

- E aí cara, blz? Quer um sanduíche?

A atitude na vida do Caio era totalmente comum, já que ele morou em apartamento a vida toda e normalmente levavamos lanches para os porteiros, mas esse cara se espantou E MUITO.

- Ahn? Pra mim?, disse o porteiro com quase lágrimas nos olhos.

- Eerr.. Só se você quiser... disse o Caio ligeiramente constrangido.

E então eu nunca vi um porteiro tão feliz na vida o que me leva a crer que as pessoas aqui não tem o hábito de trazer lanches/fazer favores indo comprar crédito para os porteiros.

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