domingo, 9 de junho de 2013

1994 e duas melhores amigas

Em 1994 ganhei o maior presente que uma menininha de 4 anos poderia querer: uma boneca, do corpo molenga nos cantos certos, com os pés e mãos imitando os de uma criança de verdade, com os olhos que fechavam quando deitava. A minha boneca também fazia barulho de bebê tomando mamadeira, quando eu colocava a mamadeira que veio com ela próximo a boca, dava gargalhadas quando fazia cosquinhas, chorava quando a esquecia e arrotava quando eu batia nas costas. Era mais do que uma boneca na época, era digna do posto de melhor amiga.

Ganhei muitas bonecas. Era uma criança com coleção (até exagerada) delas. Todas com nomes aleatórios. Menos a especial, que recebia o nome de alguém igualmente especial, o da minha melhor amiga do pré-escolar, a Riana.

As minhas memórias daquela época são altamente frágeis, mas na maioria delas a Riana está lá. Somos nós duas, brincando de boneca, fazendo comidinhas usando folhas e tomando suco de dois sabores que o pai dela inventou.

Mudamos de colégio, mas permanecemos amigas. Até que a Riana e sua família foram morar em João Pessoa.
Por anos ficamos sem nos falar, até que por algum milagre que eu não me recordo, voltamos a nos falar por cartas. Sim, século XXI, e-mails, celulares, mas escolhemos cartas! E por assim foi até o tempo nos engolir de novo.
Há alguns anos reencontrei a Riana pelas redes sociais. Os nossos irmãos mais velhos não são mais tão velhos agora (e Raoni, se você estiver lendo isso, eu até te acho bem legal para ser o “irmão mais velho da minha melhor amiga”). 


A família da minha amiga mora em Manaus, mas por força do destino ela ainda mora em João Pessoa. De vez em quando temos a sorte de termos um fim de semana como este último, onde fomos a um boteco botar as novidades em dias. O papo, que não é mais atrasado, pois nos falamos quase que diariamente, demonstra que amizades puras e sinceras nascem para permanecer. Mesmo que você mude de ideia, de tamanho, de cidade ou de Estado.

Vejo muitas coisas minhas na Riana. Como se ainda convivêssemos diariamente. A forma natural em que conversamos com (e sobre) os nossos respectivos namorados sobre assuntos banais, como literatura ou loucos, é uma prova mais do que simples de que nascemos mesmo para sermos amigas.

Sobre as minhas bonecas, eu dei todas elas, uma por uma. Exceto a única que nunca foi a minha boneca, mas que sempre foi a minha melhor amiga. A Riana que nos últimos 20 anos já perdeu os sapatos, a fivela e amarelou o macacãozinho de bebê que era o mais branco da loja , mas que permanece lá ao meu lado pra sempre.

(Riana e eu no nosso último encontro antes da bebedeira, dos loucos e das sambistas profissionais)

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