domingo, 16 de setembro de 2012

Caetano e Ufam

Assim como o Caetano, o amor à Ufam me foi algo imposto, pela dona Fátima, ex-revolucionária apaixonada por História e, anos depois, minha mãe. Ela que sempre me cantarolou Caetano, ela que sempre me contou histórias incríveis e fascinantes sobre a Ufam.

(O BG das conversas)

Cresci assim, apaixonada pelos dois. Com um desejo quase absurdo de conhecê-los, mas na hora certa, na medida certa.

Quando escolhi fazer vestibular, não fiz Ufam a toa. Eu queria ver se realmente teria que chegar uma hora antes da aula pra roubar cadeira na sala vizinha, se ia faltar luz todos os dias e se eu teria que brigar com os professores para ter uma aula que preste. 

Nos momentos de estresse do pré-vestibular + aulas da UEA que eu já cursava, Caetano sempre cantava. Seja no quarto, pra relaxar, seja no bar, também pra relaxar.

Mas não posso dizer que tudo foi como o planejado. Depois de quase quatro anos lá no Campus Universitário, raras foram as vezes que tive que roubar a cadeira (e mesa) de outra turma; a luz faltava, mas tinha aula e que eu me lembre só bati boca uma vez com um professor, mas isso não o fez dar uma aula que preste. Difícil aceitar isso, mas... A época da minha mãe na Ufam foi mais tensa.

Passamos cinco meses em greve. Outra coisa que eu queria saber o que era e como era. Sempre me passou como algo de "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento", mas não. A única vez que me senti assim foi no primeiro dia de greve, quando cheguei e me deparei com um micro-carro de som, uma dúzia de professores gritando no microfone e com BG "Cálice", do Chico. Com boa vontade posso lembrar desse momento com um friozinho na barriga.

Nesse período fui algumas vezes a Ufam por conta do Projeto de iniciação Científica o qual sou bolsista. A Ufam me encanta, mas o silêncio dela me incomoda. É difícil vagar por ali sem encontrar um maluco de Artes, ou um colega de séculos que você não lembrava que existia. Só os cachorros e suas tigelas improvisadas.

Adotei o hábito de ir e voltar ouvindo Caetano na estradinha de mato da Ufam "Alguma coisa acontece no meu coração..." E lembrar de como foi quando entrei ali pela primeira vez. "Ainda não havia para mim Rita Lee (ou Rousseau)...". Os primeiros dias de aula. "E foste um difícil começo, afasto o que não conheço", e da diferença que era estudar em uma escola particular e uma faculdade pública ou então uma faculdade pública centenária (já que eu já estudava na UEA) "Quem vem de um outro sonho feliz de cidade"... E tudo isso me deu uma saudade.

Terça-feira a gente volta da greve. Não lembro mais os tempos/dias de aula, mas no auge do meu último período de Jornalismo, eu já me sinto órfã da Ufam.

(Sentirei falta de reclamar de ti, Ufam)

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